domingo, 7 de fevereiro de 2010

Mundo grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.                       
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.
                  Carlos Drummond de Andrade





sexta-feira, 8 de janeiro de 2010


"O amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque nós não sabemos como renovar a sua fonte. Morre de cegueira e dos erros e das traições. Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho.”

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Eu diria que o amor nasce dos sorrisos, da alegria espontânea do dia-a-dia, da grandeza das pequenas coisas, dos pequenos gestos.
O amor nasce das palavras não ditas, das trocas de olhares, da cumplicidade.
O amor nasce do companheirismo, da entrega.
O amor nasce da confiança. Nasce dos passeios, das conversas nos bancos das praças.
O amor nasce da simplicidade. Da naturalidade.
Nasce das conversas jogadas fora, das palavras sem sentido, imcopreendidas.
O amor nasce de fotografias antigas, de cartas guardadas.
Nasce de flores guardadas em livros, de cicatrizes em árvores.
O amor nasce de uma folha que cai e voa com o vento. Sem destino.
Nasce das águas de um rio que corre, das ondas do mar que se levantam.
O amor é o encontro.
De duas almas.
De dois corações.
De duas vontades. 
De duas entregas.
O amor é diferente da matemática. (O amor é 2 que se torna 1)
O amor é união. É divisão.
O amor é raiz.


E o que alimenta esse amor, além do próprio amor, é a vontade de amar cada dia mais.
Naturalmente. Inconscientemente. A vontade de amar... que nos faz alçar voos, pular de encontro com a liberdade. Pois o verdadeiro amor não prende, não controla, nada espera. Simplesmente acontece, e flui.


Amor.
Anel de côco, água doce, areia e paz.
Pétala de flor. Tranquilidade.

Amor. Simples assim.






sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sobre.mim

















''Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor.''


''Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?''

A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos.
O quadro é único, a moldura é que é diferente.

Há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada, que me saiba perder...para me encontrar....

Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...

O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

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Freud, Frida, Almodovar, Florbela
Fulano, Beltrano, João e Raimundo
São tantos no mundo
que me descrevem, que me enxergam como sou.
Como sou...
Me sinto assim, desconhecido,
mas ao mesmo tempo, concebido
sem lamento, sem drama, explícito, exposto.
Composto como uma melodia,
Pintado em um quadro com cores mexicanas
Melodramáticas
Pragmáticas
Freudianas
Me sinto frases encaixadas
rimadas
Sentidas na alma de algum artista
Lispector
Espectro
Reflexo
Impressão
Abaporu
Descobrimento
Incognita
Interrogação
Eu próprio, por mim mesmo!
Sou imaginação
Sou sentimento
Sou furacão
Um turbilhão
Mudança
Sou o infinito limitado
Sou o vento
Sou o que quero
Sou o que sou.
Eu próprio, por mim mesmo!
Eu e minha rima.de.sen.ti.mentos.

sábado, 7 de novembro de 2009

Sen.tir














Como um passaro filhote que cai indefeso do ninho, me sinto indefeso diante do amor.
Indefeso ou defensor.
Defensor de mim mesmo.
Defensor dos meus desejos, dos meus sentimentos, do meu coração.
Ja basta dessa solidão partilhada, dessa presença solitária.
Desse incômodo passar dos segundos, minutos, horas, dias...
O relogio nao para.
A vida para um dia.
Enquanto isso vou levando, vivendo, tentando fazer dos meus dias nublados,
dias de sol, com calor, amor, cor e sabor.
Viver para mim mesmo.
Voar com minhas próprias azas.
Aproveitar os sabores que não experimentei.
Conhecer. Descobrir... RENASCER

Hoje não quero falar de amor, talvez amanhã!
E pra que falar de amor, se no silêncio existe mais amor que nas palavras?
Admiro a beleza do não dito, do simplesmente sentido.
Do sincero.
O silêncio não esconde. Ele fala por si só.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tal.vez

Hoje não quero falar de amor.

Basta-me falar de pássaros, sem me lembrar dos ásperos sentimentos calados, amarrados, comprimidos pelo querer falar em amar.

Hoje falo de sol, calor, fogo. Falo de afago, carinho e sonho. Mas, falo distante do amor. Distante daquele sol que mancha, do calor que nos faz suar, do fogo que queima, do amor que sofre. Falo dos afagos sutis de um olhar que sonha sem cobrar carinho.

Falo hoje, amanha não sei e o ontem já foi.

Agora existem vertigens que rodeiam o meu coração, hoje calmo, ontem desesperado e amanha mistério! Isso já não me assusta mais, apenas me instiga a querer sentir tudo outra vez.

Alegria, alegria, alergia. Coração, coração, frustração. Sonho, sonho, sonho.

Vamos, o agora quer partir, o amanha chegar e o ontem descansar.
O amor sofrer, a lágrima escorrer, o coração bater e o pássaro voar.
Acabo de dizer que pro amor não quero mais viver. MORRO VIVO, MORTO e VIVO.

Hoje não quero falar de amor, talvez amanha.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

grade.prende


O mar é grande
O amor é grade
O mar se expande
O amor te prende

Mar de amor
Amor de amar
Mar de dor
Dor de amar

Sabor e cor
Azul e sal
Mar e amor
Cartao postal

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Descobertas.cotidianas

Engraçado como a vida muda a cada dia que passa. E nos muda junto com ela como se fôssemos marionetes, massas de modelagem. Brinquedos.

Quando crianças aprendemos que QUERER = PODER.
Logo que crescemos e passamos a ver realmente como acontem as coisas, descobrimos que todos os ensinamentos, principalmente esse, são totalmente errados.
QUERER ≠ PODER.
E ilude-se quem pensa que PODER = TER.

Tantas vezes queremos tantas coisas, lutamos de todas a formas para conseguí-las, e depois, um dia, quando conseguimos, descobrimos que não podíamos tê-las. Ou que não queríamos tê-las mais. Ou que não poderíamos mantê-las.
É complexo. É confuso.
Mas viver é verbo complexo.
Vir-ver.
É vir para uma experiência, para algo desconhecido.
É ver que quando pensamos que sabemos tudo simplesmente não sabíamos nada!

Ontem ouvi de alguém que o que nos faz viver é a inveja.
Que a inveja é um sentimento gostoso, que nos impulsiona, que nos anima, que nos faz querer.
A inveja é melhor (e maior) que o amor.

O amor nos deixa estagnados, parados, compassivos.
A inveja nos movimenta, atiça o desejo e nos faz correr atraz de coisas para depois nos fazer voltar ao mesmo ponto que começamos aqui.

QUERER ≠ PODER.
PODER ≠ TER.

Eu quero mas não posso.
Eu posso mas não tenho.
Eu tenho mas ja não quero mais.

Esse ciclo que movimenta nossa vida, que nos faz desejosos de novas experiências, de novos sabores.
Esse ciclo que nos motiva, que nos decepciona.
Esse ciclo é vicioso. É constante.

É por isso que deixo de divagações, de ilusões, de desejar e vivo.
Vivo a rimar... com rima.de.sen.ti.mentos.